Olá pessoal.
Primeiramente, desculpem pela falta de atualizações, estive fora e não ganhei tempo para postar.
Em compensação, fiquei planejando novas atualizações para o blog.
As atualizações vão ocorrer nas Terças, Quintas, Sábados e Domingos.
Na comunidade do orkut do filme Matrix consegui um texto do escritor Ricardo Kelmer que fala sobre individualização, vale a pena ler:
"Para o pesquisador suíço Carl Gustav Jung a individuação é o grande sentido da vida. Feito uma potencialidade existente no mais profundo de cada um de nós, a individuação nos impulsiona a um processo contínuo de autoconhecimento psicológico onde integramos todos os conteúdos do ser e rumamos para a mais íntima realização pessoal: a concretização da personalidade total.
Trilhar o caminho da individuação significa deixar-se conduzir por uma sabedoria maior que Jung denominou self (o si-mesmo), o centro ordenador e ao mesmo tempo a totalidade de cada um de nós. Aquele que se individua se diferencia da multidão inconsciente e adquire autonomia, tornando-se uma totalidade psicológica, autoconsciente, sem divisões internas: um “in-divíduo”. Para Jung, um futuro melhor para a humanidade dependerá de quantos conseguirem se individuar.
No filme “Matrix” Neo, o personagem principal, simboliza o processo de individuação. Neo vive na Matrix, um mundo onde todos estão imersos na massa inconsciente, feito uma boiada onde a individualidade é suplantada pelo coletivo, ou seja, pelo programa de computador. Mas Neo começa a desconfiar de que talvez exista algo mais e passa a procurar respostas às suas dúvidas. Trinity é seu contato inicial com a nova realidade. Depois Morpheus tenta guiá-lo para fora da realidade em que vive mas para isso Neo precisa de coragem para seguir sem olhar para baixo. Ele olha e a vertigem o vence.
Neo nega o novo e se entrega às autoridades da Matrix. Mas os agentes o subestimam e o deixam vivo, pondo-lhe um rastreador para que ele os leve, sem saber, ao líder Morpheus. A nova realidade marca um novo encontro com ele. Neo sente-se dividido pois ao mesmo tempo que o novo o fascina e atrai, o velho mundo acena com suas velhas e seguras certezas. Está estabelecido o terrível conflito. Mais uma vez Neo sente medo de prosseguir e pede para descer do carro. Os personagens que representam o novo têm de ser mais enérgicos e o obrigam a “desrastrear-se”. Depois, no auge de seu sofrimento psíquico, ao lhe ser exposta a verdadeira realidade em que vivia, Neo reluta uma última vez em aceitar a mudança. Mas já é tarde: ele já tomara a pílula vermelha. Estava definitivamente transposta uma fronteira decisiva de sua transformação pessoal.
Não é fácil o processo de individuação. Conhecer e realizar toda a potencialidade de si mesmo requer coragem, perseverança e honestidade supremas. São muitos os obstáculos que surgirão durante a jornada. A maioria dos que são instigados a mergulhar em si mesmos termina desistindo ante os primeiros desafios e retorna depressa às velhas seguranças das certezas conquistadas: o velho mundo, mesmo limitado e com todos os seus problemas, é melhor que um mundo novo e desconhecido.
Mudar requer sempre disposição para reconhecer os próprios defeitos e isso dói. Dói despregar-se daquilo em que sempre acreditamos, principalmente em relação a nós mesmos. Dói perceber que na verdade não somos perfeitos, que temos falhas e que, para prosseguir, temos de nos livrar delas. O autoconhecimento traz muitas dores mas é a única estrada que pode nos libertar e levar à realização pessoal mais verdadeira, onde concretizamos toda nossa potencialidade adormecida.
Neo está insatisfeito com sua vida e vê surgir a grande oportunidade que sonhava. Vê que sua intuição lhe falava a verdade e que a realidade é bem maior. Conhece novas pessoas e idéias que a princípio parecem absurdas. O processo é difícil e ele várias vezes pensa em desistir mas aos poucos habitua-se à sua nova auto-imagem. Com o tempo vê aflorarem novas forças e habilidades e se sente cada vez mais confiante. No entanto, crer que é o Predestinado de que fala a profecia já é demais para ele.
Quando consulta o Oráculo, Neo está confuso e o Oráculo apenas lhe devolve suas dúvidas. Quando, porém, Morpheus é preso, ele não tem dúvida alguma e percebe que precisa, e pode, salvá-lo. Então enche-se de coragem e uma súbita autoconfiança brota de dentro dele. Neo retorna à Matrix e resgata Morpheus. O mais difícil, porém, ainda está por vir: salvar a si mesmo. Para isso precisa enfrentar sozinho os maiores perigos e testar-se às últimas consequências. E é aí que ele falha. E morre.
Só mudamos se estamos insatisfeitos. Se não, por que mudar? Quando nossos valores ficam obsoletos e as verdades em que críamos já não servem, a vida nos impõe a transformação. Intuímos que há algo errado em nossa vida mas não sabemos precisar o que seja. Aos poucos certos indícios se apresentam e já não temos como esconder de nós mesmos: o caminho está à frente e ele nos pede uma confirmação. A vida nos fará passar por inúmeros testes, nos apresentará pílulas azuis e vermelhas. Precisamos estar atentos para seguir a intuição. Ela sabe o caminho.
É nesses momentos decisivos que surgem os autoboicotes, tão comuns. Fingimos não ver. Fugimos de um exame de consciência e refugiamo-nos em velhas e cômodas verdades. Várias vezes viveremos o dilema: o novo se apresentará e o velho nos chamará de volta, esticando-nos incomodamente entre dois pólos que nos querem a todo custo. É sempre um instante delicado pois se continuamos nos recusando a enfrentar a verdade, a vida chegará a um impasse insuportável e seu curso natural será barrado. Vêm daí as doenças e fracassos como mecanismos da psique auto-reguladora para nos obrigar a uma interiorização, para repensar e retomar o rumo.
Neo morre. Mas renasce para uma nova vida. Ele precisou morrer para renascer mais centrado, forte e capaz. Ele agora enxerga diferente o mundo: vê as coisas como de fato são, decodificadas, sem filtros nem disfarces. O velho mundo já não pode enganá-lo com suas dissimulações. Neo teve de morrer para que os últimos resquícios de um velho e obsoleto Neo sumissem de vez. Da mesma forma teremos também de morrer muitas vezes durante a vida, sempre que necessário. Velhos aspectos da personalidade, que já não nos servem mais, terão de dar espaço a novas forças.
As transformações são terríveis, sim, mas somente enquanto as olhamos deste lado de cá, do lado do velho mundo. Depois que largamos o medo de ser o que na verdade sempre fomos, a transformação revela-se um nascimento onde vemos a vida através de verdades mais úteis e abrangentes. Continuamos os mesmos mas diferentes: sabemos exatamente quem somos. É esse detalhe que nos distinguirá da massa inconsciente de si mesma.
Olharemos para trás e perceberemos que todas as quedas e traições que sofremos foram necessárias, nada foi em vão. Veremos que todos tiveram seu valor em nossa jornada, os que creram em nós e até os que nos traíram, cada um em seu papel, e que tudo sempre esteve interligado. É como se uma força poderosa e invisível estivesse o tempo todo na condução dos fatos, confiando em nós.
Chamam essa força pelo nome de algum deus, Tao, mente cósmica, destino, self. Chame como quiser. Essa força existe e aguarda apenas que cada um de nós, predestinados que somos, decida despertar de vez."
Na próxima atualização debateremos sobre isso.
Abraços.
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